camaradas
(2021 - 2023)
Quem viveu os anos 1990 ouviu por toda parte o anúncio da morte do comunismo. Seu sepultamento teria sido a dissolução da União Soviética, vendida como a vitória definitiva do capitalismo como a forma mais acabada de organização social. Partidos revolucionários desmancharam-se um após o outro. Mas trinta anos de neoliberalismo entregam ao mundo crise, guerra, fome, destruição ambiental, miséria, lucros recordes, fascismo. Na maré da história, comunistas se afirmam mais uma vez ao lado certo da luta e buscam se reerguer. Como ressuscitar diante do povo? Como ser revolucionário hoje?
As imagens e materiais que compõem a série Camaradas são o produto de seis meses de mergulho no movimento comunista nova-iorquino, entre janeiro e junho de 2022. Não expressam sua totalidade, cheia de camadas, mas sua atuação em um momento específico: a Nova York pós-pandêmica, o reencontro com o povo e com as ruas, a raiva e o luto por 1,35 milhão de conterrâneos mortos de Covid-19.
Na cidade mais rica do planeta, mágica porém corroída, organizam-se diferentes grupos revolucionários, cada qual pertencente a uma determinada linha organizativa, com táticas e estratégias diversas. Quem constrói esses partidos, fundamentalmente, são pessoas que colocam o coletivo em primeiro lugar. Dedicam horas e horas de seu pouco tempo livre estudando, debatendo, e se colocando à organização de sua classe a fim de empurrá-la à luta. Unem-se a associações de bairro, sindicatos, grupos estudantis. Panfletam nas esquinas do The Bronx e organizam comícios na 5ª Avenida. Escrevem jornais e revistas. Encontram no partido a força, a disciplina e a inspiração para travarem a longa luta. Chamam-se, uns aos outros, camaradas.